Aumenta o número de açudes em situação crítica na Paraíba; cinco reservatórios estão secos
Dados são do último relatório disponibilizado pela Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba

De todos os reservatórios que já estavam com a capacidade mínima de água preenchida, apenas o açude de Serrote, na cidade de Monteiro (no Sertão), permaneceu com o mesmo nível de água, que não passa de 0,3%, tendo apenas 16.250 metros cúbicos. Os demais açudes reduziram seu volume de água.
Dos 123 açudes monitorados pela Aesa, 33 estão em observação, com menos de 20% de seu volume total. Dentre eles, alguns dos principais reservatórios da Paraíba estão na lista: o de Capoeira, com 17%, na cidade de Santa Teresinha (no Sertão), que abastece a região de Patos; os açudes Engenheiros Ávidos, com 13,7%, e Lagoa de Arroz, com 14,9%, localizados em Cajazeiras (no Sertão), que fornecem água para as cidades circunvizinhas; e o São Gonçalo com 17,3%, em Sousa (no Sertão), que leva água para cidade.
A seca que afeta os municípios paraibanos desde 2011 deixou 44,7% dos açudes monitorados pela Aesa, com menos de 20% da capacidade de armazenamento de água.
De acordo com o superintendente de Regulação da ANA, Rodrigo Flecha Ferreira Alves, esse é a pior seca nos últimos 30 anos. Ele alertou caso não haja um período de chuvas de janeiro a maio em 2014, para recuperar os reservatórios, a situação ficará gravíssima.
Para garantir o abastecimento para as pessoas, a ANA restringe o uso da água para atividades produtivas como a irrigação e a piscicultura. A agência acompanha a situação 45 açudes e seis rios de domínio federal no Semiárido do Nordeste. Do total, em 16 açudes e três rios são obedecidas as regras da ANA, abrangendo 91 municípios e cerca de 1,9 milhão de pessoas.
A restrição de uso mais recente foi determinada na segunda-feira (7) para o Rio Piranhas-Açu, que corta a Paraíba e o Rio Grande do Norte, e para os açudes de Coremas e Mãe D’Água, ambos na Paraíba, que estão com 34% e 33% da capacidade de armazenamento de água, respectivamente.
Desde a semana passada, nas cidades de Coremas, Pombal, Cajazeirinhas, Paulista e São Bento, na Paraíba, e Jardim Piranhas e Jucurutu, no Rio Grande do Norte, a água só pode ser retirada do rio e dos açudes para qualquer atividade produtiva três vezes por semana das 2h às 11h. A recomendação da ANA é que não seja feita irrigação entre as 11h e as 17h, pois, nesse período, muita água é perdida por evaporação. A agência também alerta para que nenhum novo tipo de cultura seja iniciado neste momento devido à possibilidade de não haver água suficiente.
“A prioridade de uso dos açudes é para abastecimento humano e consumo animal. É muito importante que os agricultores implementem tecnologias de uso eficiente da água. Não se pode ter no semiárido irrigação por inundação”, disse o superintendente. Segundo ele, a ANA monitora constantemente o nível da água para acompanhar o cumprimento das medidas.
Segundo o ministério, desde janeiro de 2012, o governo destinou R$ 916 milhões para a Operação Carro-Pipa. Sob a coordenação do Exército, foram contratados 5.809 carros-pipa para levar água a mais de 3,8 milhões de pessoas em 815 municípios. Ainda de acordo com a pasta, o Programa Água para Todos entregou 370 mil cisternas e a meta é construir mais 750 mil até 2014. Além disso, o programa prevê a implantação de sistemas simplificados de abastecimento de água para comunidades rurais de baixa renda.
O ministério informou que o Bolsa Estiagem é pago a mais de 1,1 mil pessoas em 1.378 municípios, com a transferência de mais de R$ 1 bilhão. O pagamento de R$ 80 é destinado a agricultores de baixa renda que vivem em cidades atingidas pela seca.
O meteorologista Mozar de Araújo Salvador, do Instituto Nacional de Meteorologia, explicou que a seca iniciada em 2011 ocorre por causa do Dipolo Positivo do Atlântico, fenômeno oceânico que interfere no clima do semiárido ao deslocar a formação de nuvens para o norte da Linha do Equador, aumentando a precipitação no Oceano Atlântico. Assim, as chuvas têm sido bem abaixo da média no Nordeste há três anos. Segundo ele, ainda é cedo para dizer se a região nordestina terá mais chuvas em 2014.
Tabela com açudes em situação crítica na Paraíba:
MUNICÍPIO
|
AÇUDE
|
VOL. MAX.
|
VOL. ATUAL/JUNHO
|
ATUAL/JUNHO (%)
| ||
Algodão de Jandaíra
|
Algodão
|
1.025.425
|
40.246
|
78.798
|
3,9
|
7,7
|
Areial
|
Covão
|
672.260
|
26.130
|
49.943
|
3,9
|
7,4
|
Caraúbas
|
Campos
|
6.594.392
|
146.181
|
364.392
|
2,2
|
5,5
|
Emas
|
Emas
|
2.013.750
|
7.226
|
58.048
|
0,4
|
2,9
|
Jericó
|
Carneiro
|
31.285.875
|
726.120
|
1.166.885
|
2,3
|
3,7
|
Monteiro
|
Serrote
|
5.709.000
|
16.250
|
16.250
|
0,3
|
0,3
|
Ouro Velho
|
Ouro Velho
|
1.675.800
|
2.500
|
9.652
|
0,2
|
0,6
|
Patos
|
Farinha
|
25.738.500
|
1.281.500
|
1.705.400
|
5,0
|
6,6
|
Patos
|
Jatobá I
|
17.516.000
|
456.300
|
498.382
|
2,6
|
2,8
|
Picuí
|
Caraibeiras
|
2.709.260
|
0,0
|
6.560
|
0,0
|
0,2
|
Prata
|
Prata II
|
1.308.433
|
15.260
|
12.971
|
1,2
|
1,0
|
Santa Luzia
|
Santa Luzia
|
11.960.250
|
6.548
|
701.180
|
0,0
|
5,9
|
S.J.LagoaTap
|
Jenipapeiro
|
1.948.300
|
60.902
|
200.905
|
3,1
|
10,3
|
S.J. Sabugi
|
São José IV
|
554.100
|
0
|
0,0
|
0
| |
S.J.Cordeiros
|
São José III
|
956.000
|
10.144
|
15.250
|
1,1
|
1,6
|
S.J.doRi.Peixe
|
Chupadouro 1
|
2.764.100
|
14.400
|
36.900
|
0,5
|
1,3
|
S.Mamede
|
São Mamede
|
15.791.280
|
156.879
|
278.208
|
1,0
|
1,8
|
Taperoá
|
Taperoá
|
15.148.900
|
406.588
|
839.150
|
2,7
|
5,5
|
Teixeira
|
Bastiana
|
1.271.560
|
672
|
8.648
|
0,0
|
0,7
|
Teixeira
|
Sabonete
|
1.952.540
|
7.977
|
46.610
|
0,4
|
2,4
|
Teixeira
|
S.Francisco II
|
4.920.720
|
2.210
|
10.140
|
0,0
|
0,2
|
Várzea
|
Várzea
|
1.132.975
|
608
|
4.840
|
0,0
|
0,4
|
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